À conversa com Sarah Pacheco
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À conversa com Sarah Pacheco

Com um cantinho especial reservado no seu coração, a comunidade portuguesa pode ficar descansada porque a “Sar(ah)ita” vai continuar a cantar para os portugueses. Assim garante a própria.

Uma carreira em crescendo

É sempre difícil apontar os grandes momentos de uma vida. Mas há aqueles que têm um significado especial e perduram na memória viva do protagonista. Felizmente, Sarah tem muitos desses para destacar. Desde vencer no festival em Matosinhos (Portugal), a atuar na Dinamarca num grande estádio, ou a inesquecível experiência de cantar com Paul Potts o tema “The Prayer”, no Caesars Windsor Casino, perante mais de 4.000 espectadores.

“Tantos momentos. Sinto-me muito agradecida por todos”, confessa.

Mas a lista podia continuar.

A sua chamada para cantar a solo, ou em duetos, à frente de Orquestras Filarmónicas do Canadá e Estados Unidos, abriu-lhe as portas do sucesso num mercado difícil e marcou, indubitavelmente, um momento de viragem na sua carreira, com Sarah Pacheco a ser bafejada com espetáculos à frente de reputadas orquestras e ao lado de grandes vozes, músicos e compositores.

Para mais, críticos e profissionais da indústria musical consideram o talento e a voz de Sarah Pacheco comparáveis a Lara Fabian, Johnny Mathis e Whitney Houston, uma perspetiva e um elogio que deixam a jovem cantora feliz e ainda mais motivada para singrar no mundo da música.

Viver nos EUA

Casou há três anos e está a viver em Los Angeles, EUA. Mesmo a viver longe, o sonho não acaba, continuando a escrever canções para ela e para outras artistas. “Tenho sempre o meu dia cheio de música”, responde entre risos.

A procurar explorar ao máximo o mercado americano, Sarah Pacheco reconhece que há ainda um longo caminho a percorrer. – “Ainda não conquistei os EUA, mas vou lá chegar. No dia certo.”

O marido é o pilar que lhe faltava. Um companheiro compreensivo e paciente, e um grande apoiante da carreira de Sarah.

A adaptação a um novo ambiente não foi tão difícil. Com uma tia sua a morar em San Diego, Sarah já sabia aos 12 anos de idade de que queria morar na Califórnia. Se puder, vai querer ter uma casa lá, mas também uma casa nos Açores, Portugal, com o qual sente uma grande ligação.

“Adoro Portugal. Em pequena, já ia para os Açores, sempre por causa da música. Mas também para férias. Mas quando estou lá, é uma coisa … sempre digo que os meus olhos não cansam de ver aquela vista, aquele mar, o azul, a terra … é tão lindo.”

Quanto a regressar e viver novamente no Canadá, Sarah responde com um “nunca se sabe”.

Viver os dias intensamente

Sarah Pacheco é uma jovem dotada e com uma capacidade criativa fora do comum. Escreve canções e produz a sua música. Em casa, toca teclado e faz arranjos dos seus originais (só para demos).

Entre os “hobbies”, faz fotografia (retratos de bebés e famílias) e tem uma linha de joalharia – Cara Bonita Jewelry, com peças feitas à mão (cristais e pedras) que usa em palco.

Adora o seu caldo verde e um bom bacalhau à brás. Não resiste também à comida chinesa. Mais recentemente, deixou-se seduzir pelo sushi.

Nos tempos de lazer, delicia-se com os filmes, assistir a alguns desportos na TV. Mas acima de tudo, adora o ambiente familiar e receber em casa os amigos.

Com a praia e o sol na sua linha de horizonte, Sarah Pacheco sente-se tranquila com a decoração interior da casa que prima pelas cores branco, bege, azul, entre outras.

Não gosta do escuro e pouco menos de elevadores. Na sua crença, sempre dar graças pela vida, numa relação de forte proximidade com Deus, o Grande ouvinte de oração. Passando pela Nossa Senhora, com a qual se sente muito ligada.

Foi esta jovem luso-canadiana que recebeu a Revista Amar para uma entrevista que revelou o lado mais doce e humano de quem sabe que o esforço e dedicação são ingredientes fundamentais para poder alimentar qualquer sonho de vida.

Revista Amar: Há uns anos atrás, foi titulada a “sensação do cantar” pelo Toronto Star e a “Celine Dion da comunidade portuguesa” pelo Toronto Sun. Esses comentários fizeram de si uma cantora mais confiante?

Sarah Pacheco: Não sei (risos). A Celine Dion é um dos meus ídolos. Cresci a cantar as canções dela. E a imitar muitas vezes. Senti-me lisongeada. Eles já ouviram tantos artistas a cantar e para eles dizerem uma coisa assim, vale muito. Sinto-me muito agradecida por essas palavras.

R.A: Venceu o Ontario People’s Choice Award para artista feminina do ano por dois anos consecutivos. Essa votação foi um catalisador para a sua carreira musical?

S. P: Foi. Sinto-me muito humilde e agradecida por o público gostar de mim e por me apoiar, e isso vale muito para mim. É o melhor prémio, porque vem do público!

R.A: Cantar a solo, ou em duetos, à frente de Orquestras Filarmónicas do Canadá e dos EUA, abriram-lhe as portas para um mercado difícil e muito competitivo. Essa é a sua zona de conforto?

S.P: É. Eu sinto-me muito confortável. E eu adoro cantar essa música de Broadway (muito expressiva), e de Jazz, …; é um sonho, quando estou a cantar com eles, e ouvir aquela música, é um sonho. Mas nunca assumo nada como garantido. Não importa quantas vezes, é sempre um privilégio e sempre sinto a gratitude de ter aquela oportunidade.

R.A: Renomados cantores e compositores têm feito comentários elogiosos para a sua voz e presença em palco. Como recebe esses comentários?

S.P: Eu sou a maior crítica de mim mesma. E isso é mau também. Uma artista tem que estar sempre a crescer. Esse é sempre o meu objetivo, de melhorar cada vez mais.

R.A: A crítica do público é importante para si, mesmo que esta possa, em algum momento da sua vida, ser menos positiva?

S.P: Claro, é muito importante. [deixa-se levar pela emoção] O que eu sempre faço fora da comunidade portuguesa é para o público português se sentir orgulhoso de mim. E procuro sempre representar o público da melhor maneira possível. E para mim, é muito importante o que eles acham e pensam de mim. Quero ser sempre a Sarinha deles.

R.A: Costuma dizer que nunca deixa de cantar para os portugueses. Por quê?

S.P: Porque foi daí que eu cresci e construí a minha carreira. Foi daí que eu aprendi tudo o que sei agora. (…) Agora preciso de estar mais focada para construir este novo passo, mas sem nunca deixar a comunidade. Mas para construir este novo passo tenho de dar mais atenção a isto. Construir um outro tipo de carreira.

IMG_8506R.A: Como lida com a popularidade?

S.P: Para mim, não vejo muita dificuldade. Sou conhecida, mas não sou conhecida … como outras celebridades (risos). Mas noto que quando vou a certos lugares as pessoas cochicham. Os olhos estão sempre em cima de mim. (…) Sou quem eu sou, e gosto de estar à vontade com as pessoas, falar e brincar.

R.A: A música continua a ser a sua paixão?

S.P: É. E tem que ser. Se uma artista não tem a música dentro do seu coração e não é a sua paixão, não vale a pena. É melhor fazer outra coisa. Porque a dedicação, as coisas que sacrificas …; as pessoas não sabem o que eu trabalho e faço para conseguir o que tenho conseguido. Para estar sempre em forma e estar sempre a fazer bem o meu trabalho. Tem que se amar o que se faz e amar a música.

R.A: O seu pai foi uma pessoa importante para a sua carreira, correto? Fale-nos dessa figura paternal?

S.P: [Emocionada, sem conseguir evitar uma lágrima] Ele era a nossa rocha. A nossa vida. Ele era o nosso barco, para indicar o caminho. Quando ele faleceu, foi muito difícil. O meu pai não tirava as estrelas por mim, porque ele não podia. Mas se ele pudesse, ele faria isso. Fazia tudo pela minha carreira e pelo meu sonho. E o meu sonho, no fim, acabou por ser o sonho dele. E foi uma pena que ele faleceu sem me poder ver já num certo ponto (da carreira). (…) Sinto-me muito agradecida por tudo o que ele fez na minha vida.

R.A: E como define o papel de sua mãe que a acompanha, digamos, para todo o lado?

S.P: Ela é a minha melhor amiga. Já desde pequenina, andávamos sempre juntinhas. Cantar juntas, praticar juntas (risos). Ela sempre esteve e está a meu lado. E sempre com ideias para os meus vídeos musicais. (…) Sinto-me muito agradecida, porque sem ela não tinha feito metade do que tenho feito.

R.A: Entretanto, casou. O que mudou na sua vida e como isso afetou (ou não) os seus objetivos a médio e longo prazo?

S.P: Sempre vivi em casa. E então, quando eu mudei para a Califórnia, comecei a sentir-me já como mulher. Podia ser mulher da minha casa, comecei a aprender a cozinhar (o marido teve muita paciência, diz entre risos). Com a música, nada mudou. Tenho tempo para me concentrar e escrever canções. Um caminho que estou a seguir.

R.A: Filhos fazem parte dos seus planos?IMG_8487

S.P: Fazem, mas ainda não.

R.A: Uma equipa de futebol?

S.P: [Grande gargalhada] Sempre digo dois, mas talvez três venha a ser o meu máximo.

R.A: E o marido concorda?

S.P: O Victor concorda. Para ele está bem. Ele sempre diz que não quer filhas, porque diz que assim vai morrer mais cedo … (risos).

R.A: Que balanço faz da Gala dos 25 anos? Excedeu as suas expetativas? Foi tudo como queria?

S.P: Foi tudo como eu queria. A visão, a sala estava lindíssima. Aquela entrada que a minha mãe preparou com as minhas peças de roupas. Foi um sonho. Dei uns gritos, quando eu vi tudo. Eu adorei. Eu queria mais estar lá na entrada para ver a reação das pessoas e se elas tinham gostado. Adorei a noite.

R.A: As pessoas gostaram do seu espetáculo?

S.P: Deram-me muitos beijinhos, adoraram a noite. (…) Foi tão bom ouvir essas palavras e sentir o amor e carinho das pessoas. Ver os meus amigos e fãs que me viram crescer desde pequenina. Ter esse apoio foi muito significativo para mim. (…) Queríamos fazer uma coisa diferente. Trazer o espetáculo que faço fora para ‘dentro’ da comunidade portuguesa. Fazer uma coisa especial para dar esse valor a 25 anos de carreira.

R.A: Sarah Pacheco (Stand by me): Como espera que este novo trabalho seja recebido?

S.P: Não sei. É um CD com mais músicas em inglês, mas tem três canções em português – Choro do Passado, Tudo isto é Fado (que cantou com David Navarro de Portugal) e Os Meninos do Huambo, uma canção de Paulo de Carvalho. O CD tem uma misturazinha. Eu adoro os Meninos do Huambo, e é um clássico. E quando eu canto ao vivo, muita gente pede essa música. O CD foi uma grande surpresa …

 

R.A: Uma mensagem final aos seus fãs…

S.P: Agradeço o apoio e carinho que me têm dado, e por me acompanharem nesta viagem ao longo de 25 anos. Que eles estejam sempre ao meu lado, porque o melhor ainda está para vir. Um beijinho e um grande abraço para todos.

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