Alzheimer Portugal tem novo Presidente
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Alzheimer Portugal tem novo Presidente

José Carreira, presidente das Obras Sociais do Pessoal da Câmara Municipal e Serviços Municipalizados de Viseu, Portugal, é o novo presidente da Associação Alzheimer Portugal para o quadriénio de 2017-2020.
Uma eleição já prevista visto que ele liderava a única lista (designada de Lista A) a concorrer às eleições no passado dia 26 de novembro, nas instalações da Alzheimer Portugal, em Lisboa.
No seguimento das duas Assembleias Gerais realizadas nesse dia, foram eleitos os novos Corpos Sociais Nacionais para o quadriénio 2017-2020 e aprovados o Plano de Ação e Orçamento 2017.
A Revista Amar falou com o agora novo presidente da Associação Alzheimer Portugal, que aceitou responder (via email) a um conjunto de perguntas enviadas antes do ato eleitoral.

 

Revista Amar – A sua lista foi a única candidata às eleições para os corpos sociais nacionais da Alzheimer Portugal para o quadriénio 2017-2020. Lamenta que não tenha aparecido outra lista candidata?
José Carreira – Obviamente, a existência de várias listas candidatas é sempre um sinal de vitalidade das organizações, neste caso concreto não será diferente.
Contudo, talvez a explicação resida no facto de a nossa lista, bem como o programa de ação, ser de continuidade com o trabalho meritório realizado pelos anteriores corpos sociais.
A constituição da lista resulta de uma conjugação entre membros de mandatos anteriores e novos elementos que combinarão o saber de experiência feito no quotidiano da associação com a introdução de novas ideias que possam combinar-se harmoniosamente.

RA – Mas por que decidiu candidatar-se?
JC – Tenho adquirido, num momento muito difícil no nosso país, a austeridade ainda não acabou, bastante experiência no que concerne às responsabilidades diretivas de Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), no âmbito do Terceiro Setor.
Simultaneamente, desde 2007 que tenho vindo a estudar as questões relacionadas com a Doença de Alzheimer e outras Demências, desde a primeira vez em que visitei o Centro de Referência Estatal de Alzheimer de Salamanca. Depois disso, já criámos em Viseu o Centro de Apoio ao Alzheimer de Viseu que desenvolve diversas atividades: Apoio Psicológico, Social e Jurídico; Grupo de Ajuda Mútua, Espaço Memória; Café Memória de Viseu; Nas Freguesias para Lembrar; Seminário Internacional Alzheimer: Conhecer, Compreender e Intervir; Projeto Envelhecer no Século XXI… Todo este trabalho só tem sido possível porque conseguimos parceiros fantásticos, como por exemplo o Município de Viseu e a Escola Superior de Educação de Viseu. Uma palavra de profundo reconhecimento para o trabalho ímpar dos voluntários, pessoas excecionais, sem as quais a nossa intervenção ficaria muito coartada. A experiência profissional adquirida e a qualificação académica dão-me muita força para abraçar este novo desafio, bem como a equipa com quem irei trabalhar. A nossa equipa é constituída por pessoas muito experientes e profundamente conhecedoras da associação.
E, desde que fiz, em Salamanca, o Master Intervención a Personas con Enfermedad de Alzheimer e tive a oportunidade de fazer a componente prática no CRE Alzheimer de Salamanca que decidi que queria contribuir, na medida das minhas possibilidades, para a melhoria da qualidade de vida das pessoas com demência, das suas famílias e dos cuidadores informais e profissionais.

RA – Caso não haja nenhum volte face na eleição (dia 26 de novembro), a sua lista será declarada vencedora. Quais os projetos que pretende ver concretizados durante o mandato?
JC – O enfoque centrar-se-á em dois fatores-chave – sustentabilidade e inovação – que assegurem a criação de valor social e uma intervenção diferenciada e assertiva em resposta à multiplicidade de problemáticas vivenciadas pelas pessoas com demência, familiares e cuidadores. O Plano de Ação continuará a plasmar os principais objetivos da AP: apoiar as pessoas com demência; os seus cuidadores familiares e os cuidadores formais.
A criação de um Plano Nacional para as Demências é uma das principais prioridades da AP. A Associação continua empenhada na sensibilização dos podres públicos, através da participação em plataformas e grupos de trabalho.
Outro desiderato consiste em conceber e desenvolver uma campanha de âmbito nacional de sensibilização e de informação sobre Comunidades Amigas das Pessoas com Demência, para que as pessoas com demência sejam compreendidas, respeitadas, apoiadas e participem na vida da comunidade.
Queremos intensificar a oferta formativa, aperfeiçoando os conteúdos e apostando na formação descentralizada e online, procurando chegar ao maior número possível de pessoas; densificar a rede “Cafés Memória”, levando-os, se possível, a todos os distritos e sensibilizar um número crescente de cidades que adiram ao Passeio da Memória.
Recentemente, no âmbito do II Seminário Internacional de Alzheimer: Conhecer, Compreende e Intervir, realizado em Viseu, o Diretor Geral da Saúde, Dr. Francisco George, defendeu a necessidade de ser criado em Portugal um Centro de Referência que se dedique à investigação, formação e difusão de boas práticas no âmbito da Doença de Alzheimer e outras Demências. A ideia agrada-me e considero que um dos nossos projetos, caso se reúnam as condições necessárias, passará por sermos parceiros ativos no Centro, aportando a nossa experiência acumulada ao longo de quase três décadas, celebraremos os 30 anos da AP em 2018.
Trabalharemos intensamente para que a AP continue a ser uma referência nacional no que concerne aos cuidados prestados, informação e sensibilização e difusão de boas práticas.

RA – Qual o papel da Alzheimer Portugal e como as pessoas podem beneficiar dos seus serviços?
JC – A AP tem um papel determinante na sociedade portuguesa no que diz respeito à sensibilização para a urgência de um Plano Nacional Alzheimer, disponibilizando o nosso conhecimento e experiência, na sua criação e implementação; desenvolver campanhas nacionais e locais de informação sobre a doença, as suas características e formas de intervenção; alertar para a importância do diagnóstico precoce, da valorização do papel dos clínicos gerais na deteção dos primeiros sinais da demência e encaminhamento para consulta da especialidade (Neurologia ou Psiquiatria), da valorização do papel dos cuidadores, e do reconhecimento das suas necessidades e direitos específicos; desenvolver ações de formação para cuidadores; criar serviços e equipamentos modelo com vista à aprendizagem e partilha das melhores práticas. As pessoas podem beneficiar dos nossos serviços contactando a sede, as delegações, os núcleos ou os gabinetes. Temos uma oferta muito qualificada e diversificada: Centro de Dia, Apoio Domiciliário, Linha de Apoio, Grupos de Suporte, Formação, Café Memória, Manuais e materiais de apoio, Projeto Cuidar Melhor, Apoio Social, Apoio Jurídico, Apoio Psicológico. Não posso deixar de referir a nossa “menina dos olhos”, a Casa do Alecrim, um dos poucos lares existente em Portugal criado especificamente para acompanhar pessoas dom demência.

RA – O emigrante a viver fora do país pode recorrer à Alzheimer Portugal?
JC – Sim, qualquer pessoa poderá recorrer aos nossos serviços. Não raras vezes, somos contactados por portugueses que residem noutros países e que solicitam apoio para os seus entes queridos que residem em Portugal. Aproveito para fazer um apelo, associem-se à nossa causa, por apenas 20,00€ por ano poderão beneficiar de muitas regalias e dão um contributo decisivo para reforçar o nosso orçamento, permitindo-nos chegar mais longe e a mais pessoas. Os associados são fundamentais para o presente e futuro da AP.

RA – José Carreira, é presidente das Obras Sociais do Pessoal da Câmara Municipal e Serviços Municipalizados de Viseu, e um dos rostos principais do Centro de Apoio Alzheimer Viseu. Como pretende conciliar as duas funções?
JC – Com trabalho, muito trabalho. Além disso, tanto nas Obras Sociais como na Alzheimer Portugal não estou sozinho, temos equipas motivadas e com profissionais de exceção, imbuídos do espírito de missão que carateriza as instituições do Terceiro Setor. Por outro lado, com o apoio que temos das novas tecnologias, muito do trabalho preparatório pode ser realizado à distância. Mesmo algumas reuniões poderão ser realizadas à distância, utilizando, por exemplo o Skype. Contudo, obviamente, terei que me reorganizar e “visitar” mais vezes a nossa magnífica capital porque o trabalho de proximidade não poderá ser descurado.
Estou certo de que as distâncias se encurtam quando colocamos afeto no que fazemos. As possíveis dificuldades e constrangimentos tornar-se-ão, estou certo disso, em oportunidades para fazer hoje mais do que ontem e menos do que amanhã.
Já tenho mais um motivo de esperança e motivação, no próximo ano, em 2017, a Cimeira Mundial de Alzheimer realizar-se-á em Lisboa, uma grande oportunidade para que, de uma vez por todas, a demência seja considerada uma prioridade nacional.
Nos momentos difíceis, procurarei lembrar-me da utopia da Rainha Sofia: “Vamos trabalhar para que um dia o Alzheimer seja apenas uma recordação”.

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