Peter Serrado
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Peter Serrado

Em março fomos ao encontro do artista e músico “da terra” que está, certamente, a viver momentos inesquecíveis em Portugal.
Peter Serrado passou para as páginas dos jornais e horário nobre da tevisão devido ao Festival da Canção 2018, mas já há muito que este luso-canadiano dá nas vistas no Canadá.

Fiho de país naturais do Alentejo, nasceu em Toronto e começou a cantar aos 5 anos de idade tendo embarcado na aventura do estudo da música aos 18 anos.
Com a sua voz e estilo únicos, Peter tem ao longo dos anos cantado não só para a comunidade portuguesa radicada no Canadá mas, também, seguido uma linha musical muito própria que o levou a trabalhar com Zack Werner, um dos jurados do “Canadian Idol”.

Peter Serrado é formado em Ciências Politícas pela Universidade York e vai em breve estudar Direito, mas sonha viver da música. Adora pop, R&B, soul mas também sons retro.
Apesar das semanas agitadas que vive devido à sua participação do Festiva da Canção, Peter Serrado aceitou amavelmente estar à conversa com a Revista Amar.

 

Revista Amar – R. A. Onde é que nasceste?
Peter Serrado – Nasci em Toronto, Canadá, mas os meus pais são portugueses, do Alentejo. Vieram para Lisboa quando eram ainda muito jovens.

R. A. – Como é que surgiu o gosto pela música?
P. S. – Foi através do meu pai, ele é que me incutiu o gosto pela música. Desde pequeno que ouço Frank Sinatra, Elvis Presley, Beatles. Cresci a ouvir fado, Fernando Maurício. Também costumava cantar em karaoke e o meu primeiro brinquedo foi uma guitarra sem cordas, só tinha botões (risos).

R. A. – E quando é que começaste a tocar guitarra a sério?
P. S. – Aos cinco anos comecei a tocar guitarra, mas a sério foi mesmo aos 18 anos. Aí é que eu comecei a minha carreira musical.

R. A. – És tu que escreves as tuas próprias músicas?
P. S. – No início tive ajuda, mas agora sou eu que componho as minhas músicas. Posso dizer que 95% das músicas são da minha autoria.

R. A. – O que é que começaste a fazer mais cedo, cantar ou falar?
P. S. – Não me lembro, porque era muito pequeno na altura. Não tenho uma resposta exata para essa pergunta (risos).

R. A. – Quais são as tuas influências musicais?
P. S. – Tenho várias, as primeiras músicas que comecei a ouvir foram de Tony Bennett, The Crooners e Dean Martin. O Bryan Adams, o Rod Stewart e o Joe Cocker também me marcaram muito. Mais tarde, quando comecei a explorar, entrei mais no rock clássico e descobri Led Zeppelin e Pink Floyd. Agora ouço sobretudo soul, R & B e rock.

R. A. – O facto de seres descendente de portugueses inspira-te para escreveres?
P. S. – Acho que não, a inspiração é universal, não tem muito a ver com as nossas raízes.

R. A. – Já atuaste em todos os clubes portugueses em Toronto?
P. S. – Acho que praticamente todos, mas a Casa do Alentejo é o clube onde toco mais vezes. Foi lá que subi a um palco pela primeira vez.

R.A. – Sempre te sentiste apoiado pela comunidade portuguesa no Canadá?
P. S. – Sempre. Foi onde comecei a minha carreira. Depois de um concurso comunitário é que comecei a cantar nos clubes e tenho-me sentido muito apoiado até hoje.

R.A. – Achas que a comunidade portuguesa que reside no Canadá valoriza mais os músicos de Portugal do que os luso-descendentes?
P. S. – Acho que não. Acho que a maioria da comunidade dá muito valor aos artistas de casa.

R. A. – Qual é a tua ligação a Portugal?
P. S. – Pastéis de Nata, Francesinhas (risos). Acho que estou conectado com Portugal de muitas formas. Na comida, na música, na cultura, no aspeto familiar, etc. Adoro comida alentejana. Em casa temos canais de televisão portugueses e quase toda a minha família vive em Portugal. Isso faz-me sentir muito próximo do país. Gosto de ouvir Rui Veloso, Paulo Gonzo…

R. A. – Já visitaste as raízes da tua família?
P. S. – Sempre que venho a Portugal visito o alto e o baixo Alentejo. Mas desta vez vim em trabalho por isso não foi possível.

R. A. – Apesar de teres nascido no Canadá falas português fluentemente.
P. S. – Quando eu nasci os meus pais só falavam português e ainda hoje lá em casa é assim. Mas eu aprendi sozinho a ler e a escrever, foi por curiosidade.

R.A. – Quando é que percebeste que a música podia ser uma carreira?
P. S. – Em pequeno sempre fui envergonhado. Mas quando os meus pais me ouviam cantar diziam que tinha uma voz bonita. Acho que foi com o concurso que me tornei mais confiante e que acreditei que podia tentar a minha sorte na música.

R.A. – Quais foram/são as maiores dificuldades de conseguir lançar uma carreira na música?
P. S. – Em Toronto acho que a maior dificuldade é descobrir sítios para tocares as tuas músicas originais. Toda a gente quer ouvir covers. Um músico ganha pouco no início, mas também não é isso que nos move.

R.A. – Já participaste em vários concursos.
P. S. – Ganhei o Long and Mcquade Singing Contest (com John Santos) e consegui gravar um disco. Depois fiz o CNE Rising Star onde fui um dos dez finalistas e no Scotiabank Picnic Rising Star Contest onde também acabei por ganhar.

R.A. – É fácil conciliar a música com os estudos?
P. S. – Sou formado em Ciências Políticas pela Universidade de York, mas em breve vou estudar direito. Sempre quis apostar na educação, pelo menos antes de começar na música a sério.

R.A. – Já abriste concertos de Kesha Chante, Shawn Desman e Danny Fernandes. Como é que foi essa experiência?
P. S. – E Xutos e Pontapés (risos). Foi uma experiência muito boa. Abriu portas e colocou-me num outro nível na comunidade portuguesa. Foi muito divertido abrir concertos de nomes sonantes da música canadiana e norte-americana. Xutos e Pontapés foi um sonho tornado realidade, porque cresci a ouvir os álbuns deles.

R.A. – Já trabalhaste com Zack Werner, um dos jurados do “Canadian Idol”.
P. S. – Somos grandes amigos. Aprendi muito com ele. Sobre escrever, cantar, performance. Ele ajudou-me a encontrar como artista.

R.A. – Qual é o teu estilo musical?
P. S. – Acho que não tenho um estilo porque estou sempre a misturar. Mas se tiver que escolher um, talvez soul rock.

R.A. – Qual é a tua opinião o plágio.
P. S. – Existem milhões de cantigas no mundo, claro que às vezes podemos compor algo parecido com o que já existe. Já aconteceu comigo, por isso é que gosto sempre de pedir uma segunda opinião. Acho que a música do Diogo Piçarra é tão simples que às vezes não há grande maneira de fugir de uma melodia. Acho que ele é um artista fantástico, extremamente trabalhador.

R.A. – Achas que já foi tudo inventado? Agora já só podemos reinventar?
P. S. – Acho que não, ainda há muito para ser inventado. As novas gerações tentam sempre acrescentar algo novo.

…ainda há muito para ser inventado. As novas gerações tentam sempre crescentar algo novo.

Peter Serrado

R. A. – És um dos finalistas do Festival da Canção em Portugal. Fala-me sobre essa experiência.
P. S. – É um sonho estar aqui. Todos os anos assistia com os meus pais ao Festival da Canção. Em 2005 comecei a ver a Eurovisão e desde aí que fiquei curioso se podia concorrer. Mas o concurso não permitia a inscrição de compositores que vivessem fora de Portugal. Este ano o Festival da Canção abriu as portas através de um concerto da Antena 1 e eu e uma outra artista, a Rita Dias, fomos escolhidos entre 390 concorrentes.

R.A. – Esperavas chegar tão longe?
P. S. – Aprendi muito mas vim sem expectativas. Não estava à espera de ganhar e o objetivo era ter uma boa prestação. Felizmente sou muito humilde nesse aspeto, tenho os pés bem assentes na terra.

R. A. – Sendo único concorrente na final com uma música em inglês, não te passou pela cabeça compor um tema em português?
P. S. – A Antena 1 escolheu a música em inglês. Se eles não gostassem não escolhiam, acho eu. Eu falo e escrevo português mas não é muito avançado, por isso, não estou preparado para compor ainda em português. Penso que se tivesse escrito em português não ia sentir-me tão à vontade no palco. E também quero mostrar a minha essência, eu sou um artista canadiano. Acho que as pessoas gostaram, fui o terceiro mais votado no televoto na semi-final e voltei a ter pontos do público na final.

R. A. – Como foi a receção dos outros concorrentes relativamente a alguém que vem de outro país? Sentiste-te um pouco à margem dos outros concorrentes?
P. S. – Não, de todo. Aceitaram-me de braços abertos, fui muito acarinhado. Tinham muita curiosidade sobre Toronto.

R. A. – Fala-me sobre “Sunset”. Qual foi a tua fonte de inspiração.
P. S. – Quando compôs Sunset estava com uma amiga que me disse que a música era boa. Mas quando concorri ao concurso percebi que a música tinha qualquer coisa especial, algum potencial. É uma história de amor, são duas pessoas que querem fugir de uma vida cheia de stress e irem para um lugar onde possam ser elas próprias.

R.A. – “Cause in the small town there was nothing to give”, “I’m not going back”. Que cidade é esta Peter?
P. S. – É uma cidade imaginária, um sítio qualquer onde não queres estar.

R.A. – Quais são os projectos para o futuro?
P. S. – Depois do Festival acho que vou andar muito ocupado. Quero lançar um álbum e fazer uma tour.

R.A. – Para quando um álbum de originais?
P. S. – Ainda não sei, é um grande passo. Mas não vai demorar uma eternidade.

Peter Serrado ao Raio X

Verão ou Inverno?
Verão

Sair com os amigos ou festa em casa?
Fazer uma festa em casa

Vinho ou cerveja?
Cerveja

Lápis ou caneta?
Lápis

Vinyl ou digital?
Vinyl

Preto ou branco?
Preto

Chá ou café?
Café

Tim Hortons ou Starbucks?
Tim Hortons

Portugal ou Canadá?
Os dois

Hóquei no gelo ou futebol?
Futebol

Hambúrguer ou frango no churrasco?
Hambúrguer

Carro ou mota?
Carro

Chocolate ou chips?
Chocolate Chips

Elvis ou The Beatles?
Elvis

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