Desigualdades na velhice
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Desigualdades na velhice

“Uma vida boa durante a velhice é algo que deveríamos esperar para todas as pessoas. Isto não deveria depender de onde vivemos ou de quanto dinheiro temos, nem do nosso género, raça, deficiência ou sexualidade.”

Claire Turner, Center for Aging Better

 

O Center for Aging Better publicou o estudo “Inequalities in later life” (Desigualdades na Velhice) que sublinha a existência de desigualdades em matérias de saúde, segurança financeira, contactos sociais e habitação, resultando, em grande mediada, da pobreza sofrida ao longo da vida. São as mulheres as mais atingidas, mais propensas a viverem na pobreza e isoladas, auferindo salários inferiores aos dos homens.

O estudo Preventing Ageing Unequally (2017) indica que, na maioria dos países da OCDE, as gerações mais jovens enfrentarão riscos mais acentuados de desigualdade na velhice do que os atuais reformados.

As desigualdades entre gerações têm vindo a aumentar. As pessoas nascidas na década de oitenta – os millennials – são a primeira geração desde o pós-guerra que chega aos 30 anos com menor capacidade económica do que as nascidas na década anterior.

As desigualdades tendem a aumentar ao longo da vida laboral e, consequentemente, terão um forte impacto na velhice. Enfrentamos dois grandes desafios: restaurar o contrato social entre as gerações e reativar o “elevador social”.

Os dados do estudo indicam também que, muito provavelmente, a desigualdade de género continuará a manter-se num nível considerável. As mulheres dedicam mais tempo ao trabalho não remunerado, têm carreiras laborais mais curtas e pior remuneradas. Estes fatores contribuem para a obtenção de reformas mais baixas que conjugadas com uma maior esperança de vida determinam que o risco de pobreza das mulheres na velhice seja maior do que o dos homens.

Se é verdade que se têm registado progressos, as gerações mais jovens de mulheres trabalham, na atualidade, a níveis mais aproximados dos homens, não olvidemos que ainda é preciso consolidar este trajeto de modo a reduzir consistente e definitivamente as desigualdades de género na velhice.

Devem ser estimuladas políticas para fomentar a integração das mulheres no mercado de trabalho; evitar que abandonem o mercado de trabalho durante longos períodos de tempo após a maternidade ou para cuidar dos seus familiares mais velhos; fomentar as licenças de paternidade; eliminar estereótipos negativos sobre a mulher desde a infância; conciliar a vida familiar e laboral; evitar a discriminação salarial…

Temos que virar a página; deixar de considerar as pessoas mais velhas apenas como excluídas e discriminadas; planificar e executar ações que não se resignem com uma proteção, toldada por numa visão assistencialista, insuficiente para responder às suas necessidades, desejos e projetos de vida.

Dr. José Carreira

 

Fontes:
– www.ageing-better.org.uk
– www.ageing-better.org.uk/sites/default/files/2017-12/Inequalities%20scoping%20review%20full%20report.pdf
– www.read.oecd-ilibrary.org/employment/preventing-ageing-unequally_9789264279087-en#page1

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