Símbolos da República vs. Monarquia III - O Selo
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Símbolos da República vs. Monarquia III – O Selo

 

Nestes primeiros dias de janeiro, a notícia do encerramento de 22 postos dos Correios – CTT, devido à reestruturação da empresa, tem agitado algumas localidades. Com uma população cada vez mais envelhecida, os serviços postais de proximidade desempenham uma função social.

Como colaborador da Revista Amar, o meu próximo apontamento sobre os símbolos da república vs. monarquia destina-se a dar visibilidade ao selo, como um fiel depositário da história de Portugal. Quem na sua juventude não iniciou a “sua” coleção de selos, arrancando os primeiros da correspondência recebida. Hoje tudo mudou, as cartas são outras e não carecem de selo.

O selo postal tem uma história recente, a qual coincide com o incremento dos transportes e comunicações na segunda metade do séc. XIX. O crescimento rápido das cidades, o afluxo e mobilidade da população dos campos e o desenvolvimento das trocas comerciais, incrementaram a correspondência de uma maneira assustadora. O porte pago pelo destinatário trazia graves problemas com a cobrança dos portes. Em 1839, um funcionário do correio inglês, Sir Rowland Hill, teve a ideia de obrigar o remetente a pagar a taxa de envio da carta. Como recibo do pagamento era fornecido um selo, para ser colado na carta e inutilizado com um carimbo indicando o lugar da expedição. O primeiro selo foi emitido em 6 de maio de 1840, todo preto, com o valor de 1 penny e a efígie da rainha Vitoria.

 

Portugal associa-se ao sistema, no reinado de D. Maria II. Os primeiros selos portugueses são postos em circulação no dia 1 de julho de 1853 com as taxas de 5 e de 25 reis, respetivamente castanho avermelhado e azul esverdeado. Durante o mesmo mês são emitidas as taxas de 50 e 100 reis, em verde e em lilás. Apresentam, todos, a efígie da Rainha D. Maria II e foram gravados por Francisco Borja Freire.

 

Com D. Carlos I e à semelhança das moedas, a partir de 1898 iniciou-se a emissão de selos com a sua efígie, bem como selos comemorativos assinalando o IV Centenário da descoberta do caminho Marítimo para a Índia.

 

 

 

 

Com a Implantação da República, os selos funcionaram muitas vezes como veículos de propaganda e como forma de divulgação dos protagonistas do regime republicano e de personalidades marcantes.

 

“Os selos foram uma das armas utilizadas pelos republicanos para fazer chegar à população os seus ideais e tornar mais conhecidos os seus dirigentes. Estes selos eram muitas vezes apostos na correspondência lado a lado, com os selos emitidos pelos correios, recebendo também o carimbo da respetiva circulação.”

Até 1912, os selos existentes continuaram a ser utilizados sendo-lhes realizada uma pequena modificação através de um carimbo a dizer REPÚBLICA.
A primeira série de selos republicanos foi lançada em 1912, recebendo o título de CERES, por neles figurar a deusa grega Ceres, deusa das plantas e do amor maternal. Os selos registavam também a inscrição “REPÚBLICA PORTUGUESA” no topo e “CORREIO” em baixo da figura.

Com a efeméride dos 100 anos da Implantação da República, os correios homenageou as mulheres que se destacaram na defesa dos valores republicanos, nomes como Ana Castro Osório, Adelaide Cabete, Maria Veleda, Angelina Vital, Carolina Beatriz Angelo, Carolina Michaelis Vasconcelos, Virgínia Quaresma e Emília de Sousa Costa. A República também se revelou uma aspiração de mulheres burguesas que, antes, durante e depois da Revolução de outubro de 1910, procuraram associar o combate político às suas próprias reivindicações na procura da cidadania.
A importância da luta pelos direitos civis das mulheres começou ainda durante a Monarquia Constitucional, essa luta passou pelo domínio associativo, político e cultural. Estas mulheres, na sua grande maioria detinham uma formação que lhe possibilitava escreverem regularmente nos jornais. Estas mulheres, entre o sonho e a realidade política da 1ª República, triunfos e desilusões, a luta não terá sido inglória: souberam marcar a época, não se acomodaram no politicamente correto, assumiram atitudes incómodas e abriram caminho às vindouras.
Os CTT (os correios portugueses) não só prestam um serviço postal eficiente, como também imortalizam nos selos que emitem, pedaços da cultura e história de Portugal ao longo dos tempos. Numa breve consulta ao sítio desta empresa postal, podemos encontrar iniciativas interessantes no domínio da filatelia e colecionismo. No primeiro caso, os CTT dispõem de um serviço plano de assinatura que nos permite, através de uma conta-corrente, colecionar comodamente todo o tipo de material filatélico emitido ao longo do ano. A disponibilidade de informação regular sobre novas emissões e produtos a serem lançados, torna o serviço uma mais-valia.
Na vertente do colecionismo, muitas vezes um passatempo apaixonante para muita gente, o sítio dos CTT utiliza as novas tecnologias, para partilhar entre os internautas, as suas coleções nas mais diversas categorias, possibilitando a troca de selos, postais, isqueiros, pacotes de açúcar e banda desenha entre outros objetos colecionáveis.

A terminar este artigo deixo mais uma ideia proposta pelos Correios Portugueses, a iniciativa o meuselo – usando a nossa criatividade podemos fazer novos selos à nossa imagem. Este serviço oferece a todos a possibilidade de criar os seus próprios selos, seja com imagens próprias ou escolhendo-as a partir de uma galeria de imagens pré-estabelecida. O envio da correspondência antes da invenção dos selos, um pouco de humor, nestes tempos cinzentos.

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