O poder de criação do homem
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O poder de criação do homem

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É necessário ao homem entrar em contato consigo mesmo, de forma profunda e permanente, levando-o à libertação do atraso ao qual se submete, fruto tão somente das impressões autocriadas desde os primórdios. Para tanto, é prudente apreciar o que já se conquistou: do simples agrupar-se em bando primitivo à complexa convivência na sociedade contemporânea. Do manuseio do fogo pré-histórico à combustão que impulsiona os meios de transporte atuais. Da formação rudimentar da comunicação ao moderno e sofisticado sistema de informações online. Da imagem animalesca natural que o precedeu à escultural silhueta deliberadamente manipulada e tão avidamente perseguida. Ou, resumidamente, do sonho à realização de tudo quanto lhe foi possível empreender. Ele pode bem mais, todavia não acredita, porquanto não ousa pensar a respeito. Pois, a partir do momento em que investir em impensados terrenos, ali certamente lhe renderão novos e interessantes resultados. Assim procede-se desde o advento dos primeiros traços da inteligência.

Logo, à exceção dos recursos naturais, todo o resto foi inventado para fins da adaptação humana (e também atender à obsessão pelo conforto que hoje faz adoecer pela acomodação física, intelectual e espiritual), obedecendo às informações genéticas que sempre impuseram a sobrevivência, o aperfeiçoamento e a continuidade transmitida às gerações posteriores. Emerge, portanto, a perspetiva de que o homem possui imenso poder de criação. Embora soe óbvia tal afirmação, ela é desconhecida ou duvidosa para grossa parte da população, haja vista poucos se darem conta de que carregam consigo tamanha capacidade criadora. Ela ainda permanece no campo do mistério. Muito do que se concretiza ainda diz respeito aos desejos inconsequentes, sem a devida consciência daquilo que deve ser ambicionado, e do correspondente e necessário grau de empenho e persistência, levando muitos a desistir das suas realizações. De um lado, há desejos concretizados inadequadamente, e de outro, existem aqueles que são abandonados durante a sua própria gestação.

A questão, contudo, não se encerra. Deve-se considerar, ainda, que as invenções geradas pelo homem podem ruir de modo igualmente poderoso, deixando-lhe à mercê do fracasso – ainda que possa recuperar-se posteriormente e prosseguir a sua jornada. Refiro-me ao facto de as invenções serem apenas efeitos causados pelas ideias humanas, e como tal, serem frágeis, pois elas são sólidas apenas na aparência. Basta analisar a falta de controle existente nas sociedades ao redor do mundo, a corrupção alastrada e a violência (maneira pela qual se expressa o nosso lado primitivo ainda muito presente) atestam facilmente tal descontrole e a pretensa solidez (além da infantilidade na escala evolutiva). Tal autoengano é necessário em razão da esperança depositada na ordem das coisas. Do contrário, perder-se-ia a fé e o rumo. Apegamo-nos vigorosamente ao jogo tecido pela teia da autoilusão. No entanto, os exageros voltados ao conforto egoísta têm se sobrepujado às necessidades comunitárias, dificultando exageradamente a manutenção das conquistas inventadas. Ou seja, muito desejo tanto egoísta quanto inconsequente produziu-se nos últimos tempos, levando, doentiamente, o convívio social ao sufocamento.

Entretanto, só o homem, inventor da atual situação, pode modificar o cenário. Mas é preciso convencer-se disso primeiramente, pois, infelizmente, os poucos desejos de transformação favorável percebidos por hora são abortados pela descrença que se instalou ferozmente através de outros tantos desejos inconsequentes. Reflexão, consciência e ação podem mudar profundamente o que se tem em mira. Eis o poder de criação do homem, que só pode ser percebido mediante o testemunho consciente do seu autor.

Armando Correa de Siqueira Neto

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