À conversa com Luciana Abreu
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À conversa com Luciana Abreu

“Não devemos deixar de acreditar em nós”

Luciana Abreu

 

Luciana Abreu é uma das artistas portuguesas mais multifacetadas: atriz, apresentadora e cantora, alcançou níveis de popularidade excecionais com a personagem principal da novela portuguesa mais popular de sempre – a Floribella. Foi tal o sucesso que ainda hoje é reconhecida por essa personagem.

Cassiano Ferraz

Luciana é uma mulher muito lutadora: não tem tido vida fácil mas, passo a passo, vai atingindo os seus objetivos. Ganhou o programa “Dança Comigo” – mostrando os seus dotes de dançarina – também venceu o concurso “A Tua Cara Não Me É Estranha”, mas tudo começou verdadeiramente com a vitória do programa “Cantigas da Rua” – tinha apenas 13 anos.

Agora, com 20 anos de carreira, conseguiu concretizar mais um sonho: concebeu e produziu o espetáculo onde se mostra de forma mais profunda e, talvez, verdadeira. E o público sente essa diferença….

Luciana Abreu: O que tem acontecido é que, desta vez, como fui eu a investir neste espetáculo, fui eu a construi-lo de raiz e quis partilhar com o público coisas que só com esta idade, aos meus 33 anos, é que me senti capaz de o fazer. Daí me ter exposto de outra forma… mais um bocadinho.

Revista Amar: No fim de contas acabou por fazer aqui um pouco de resumo destes 20 anos de carreira, não é? De todas as fases mais marcantes da sua vida… Desde o Cantigas na Rua até à Floribella.
L.A.: Exatamente! Também cantei um pouquinho da música que me levou a ganhar o programa, da Adelaide Ferreira. Passei aqui por várias fases da minha vida até esta que estou agora, o gospel…

R.A.: Que é o futuro?
L.A.: Que é o futuro!

R.A.: Vamos falar agora um pouco destes 20 anos. Uma marca que é muito Luciana Abreu é a força, a perseverança, o não desistir…. É isso que a tem levado a ser aquilo que é hoje em termos populares, com 24 milhões de visualizações de uma das suas músicas – é essa força?
L.A.: O que me tem levado a ser a pessoa que sou hoje, com a força que tenho interior, são todos os obstáculos que têm sido colocados na minha vida. Todos aqueles que me deitam abaixo, que me fazem sofrer imenso e que me fazem levantar ainda com mais força. Eu acredito que não devemos deixar de acreditar em nós e luto por isso diariamente. Também tenho momentos em que claudico e penso “será que…”, mas logo de seguida há algo que me faz mover e abraçar cada vez mais tudo aquilo que eu acho que é impossível. Porque, se nós tentarmos, pode ser um falhanço, mas também pode resultar. Então, nada como tentar.

R.A.: Toda a sua vida é marcada por muito sucesso, mas também muita dor, como disse. O que é que acha que é, acima de tudo, a Luciana Abreu hoje? Cantora, atriz…
L.A.: Mãe… (risos)

R.A.: Sim, mãe eu sei que é acima de tudo. Mas, dentro do lado artístico, onde é que se sente melhor?
L.A.: Na música! A representação para mim é uma obrigação, digamos assim. Uma obrigação, uma necessidade. Porque todos nós precisamos de trabalhar e neste caso a exclusividade que tenho com a SIC, já há muitos anos…. Pronto, tenho que representar. Embora já comece cada vez menos. Já estou a conseguir inverter a situação porque do que eu gosto verdadeiramente é da música e foi o que me lançou para este mundo das artes. Nunca tive a oportunidade de me formar – ter aulas de canto, ter aulas de algum instrumento, de representação, de apresentação – sou uma autodidata que sempre gostou daquilo que faz e com uma sede imensa de aprender. Eu amo aprender. E, por causa disso, começo este ano outra vez a universidade. Portanto, é o gostar de evoluir, de aprender, de crescer, de poder falar com quem eu quiser.

R.A.: Este lado da música, curiosamente, que é a sua paixão, acaba por se concretizar num disco seu, em nome próprio e da sua autoria, apenas agora vinte anos depois… O que não deixa de ser um paradoxo, não é?
L.A.: É verdade…. Foram muitas promessas – até de quem não pôde cumprir. Por várias razões… Uma delas por estarmos em Portugal, pelo país ser pequeno a nível de oportunidades. Até que, um dia, eu acreditei que se eu investisse em mim em vez de esperar que investissem na minha carreira eu poderia andar para a frente. Até porque eu não me identificava com o registo que queriam que eu abraçasse. Não era eu. E então fui protelando porque sentia que ainda não era o momento e que se eu o fizesse ia gastar o único tiro que tinha. Até que um dia acordei e disse: “É agora. Chegou o momento. Eu vou fazer as minhas músicas, vou acreditar em mim”. E nasceu o álbum Luciana Abreu e todo este espetáculo que levo comigo para estrada, seja onde for.

R.A.: Este “Tu e Eu”, que tem já 24 milhões de visualizações na internet, digamos que é a prova de que a Luciana estava certa?
L.A.: É a prova de que eu estava certa, sim! De que nós devemos sempre acreditar e nunca desistir.

R.A.: Nunca desistir também é uma frase que cabe muito bem naquilo que lhe aconteceu nestes últimos tempos, que foram particularmente difíceis para si, mas ao mesmo tempo muito felizes. Depois de um parto complicadíssimo, nasceram-lhe mais duas filhas e de novo a felicidade. Como é que é gerir estas emoções num espaço tão curto de tempo?
L.A.: É preciso ter uma família. Uma grande família. Muito amor para não nos deixar cair. Passa-nos tudo e mais alguma coisa pela cabeça nesses momentos e se eu não tivesse tido o colo que tive – dos meus padrinhos, das minhas filhas – não sei se teria tido capacidade para ultrapassar.

Cassiano Ferraz

R.A.: Como é que estão as meninas mais pequeninas, as gémeas?
L.A.: Estão maravilhosas! Sentam-se sozinhas, comem sopa com tudo e mais alguma coisa, papas, frutinha, tudo! Palram como se não houvesse amanhã, são a cara do pai… São iguais, nós muitas das vezes não sabemos quem é quem, é impressionante! É uma aventura ver as quatro filhas juntas, nos mimos, a apaparicarem-se umas às outras… As pequeninas quando veem as maiores é uma felicidade, um sorriso de orelha a orelha. As mais velhas não as largam, estão sempre com aquele sentido de proteção, sempre à beira delas, a mimá-las, a protegê-las. É uma alegria!

R.A.: Luciana, no Canadá com certeza que muita gente está a ler esta conversa e muita gente esperaria a sua visita um dia destes. É uma hipótese que encara?
L.A.: Eu adorava! Aliás, eu tenho shows preparados, neste caso para o estrangeiro, em vez de ser um show tão longo, com uma equipa tão grande tenho uma equipa mais reduzida que me acompanha, faz-se um tipo de concerto mais intimista, mais curto até. Portanto, quando vocês quiserem eu estou pronta para viajar! Eu adoro estar com os portugueses pelo mundo fora! É maravilhoso!
Queridos portugueses, vamos matar saudades. Desejo-vos muita força. Porque para estar longe do nosso país é preciso muita força, sei bem como é. Muita força e muita coragem! Um beijinho muito grande com todo o meu coração.

Madalena Balça

MDC Media Group

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