História de DOIS ARTISTAS: A ANA E O PEDRO - por Dr. José Carreira
Crónicas

História de DOIS ARTISTAS: A ANA E O PEDRO – por Dr. José Carreira

Raramente escrevo sobre individualidades, abro uma exceção, que confirma a regra, ao escrever sobre a Ana e o Pedro. Quero apresentar-vos dois artistas viseenses, de gerações distintas mas igualmente talentosos, cada um no seu ofício.
A Ana é música e o Pedro é artista plástico. São duas referências em Viseu e, tenho a certeza absoluta, que o seriam em qualquer geografia. Inclusivamente, acredito que, se vivessem em urbes de maior dimensão, a sua genialidade seria potenciada e o reconhecimento público, nacional e internacional, estaria garantido. Viseu é uma cidade fantástica, sinto muito orgulho em viver e trabalhar neste bonito concelho, na melhor cidade para viver, na Cidade Jardim. Todavia, mesmo na era da globalização, não é fácil um artista de Viseu singrar e atingir um estatuto que o dignifique a si e à sua obra e o possa catapultar para o estrelato merecido.
Quem são a Ana e Pedro? Conheço ambos há muitos anos, mas, por (bons) motivos profissionais, tenho vindo a aprofundar o meu conhecimento acerca do Pedro Albuquerque e da Ana Bento.
Começo por dizer que são dois seres humanos por quem nutro respeito, consideração e admiração. Enquanto artistas, aprendi a admirá-los por uma dupla faceta que lhes é comum: a humildade e a versatilidade. Poder-se-á somar uma componente incomum a hiperatividade e qualidade criativas inerentes às suas produções artísticas.

março 2016
Para vos apresentar o Pedro Albuquerque – ALBUQ – socorro-me de quem sabe da poda, passo a citar o crítico de arte José Luis Ferreira:
Autor, original e polifacetado, de uma obra incomensurável e heterogénea. É múltipla a diversidade temática identificável na sua obra plural, cujo percurso abrange, não só o desenho e a pintura, escultura e a cerâmica (em artefactos objectuais de culto e arte pública) como a arte gráfica (em diversas modalidades, destacando-se o cartaz, a ilustração, a iluminura e o lettrisme archaïque)”.

março 2016
Porque uma imagem vale mais do que mil palavras, convido-vos a verem dois vídeos no YouTube: Pela Madrugada Adentro… ALBUQ (Vídeo-Performance) (1) e Pela Madrugada Adentro II… Alexandre Siqueira Featuring ALBUQ (In Miles Davis) (2).
A sua qualidade já o levou aos Estados Unidos onde apresentou um trabalho que retrata os atentados de 11 de setembro às Torres Gémeas. Ao que julgo saber, já estará de malas feitas para regressar ao país das oportunidades. Das obras mais recentes, destaco o trabalho inspirado no álbum Aura de Miles Davis que deu o nome à coleção; Aquilino Sem Palavras e D. Quixote De La Mancha em homenagem aos 400 anos da morte do seu autor Miguel de Cervantes.

A Ana Bento (3) ficou-me para sempre na memória, após a dinâmica que empregou num workshop de Jazz para crianças. Quem trabalha com crianças, sabe quão difícil é captar-lhes a atenção e mantê-los motivados durante uma sessão de trabalho. A Ana foi impecável, um exemplo a seguir, no que concerne à pedagogia utilizada, e uma entusiasta das sonoridades que muitos terão ouvido pela primeira vez. Fundou a Associação Gira Sol Azul (4) na qual desenvolve vários projectos como Tatatibato, Orquestra Criativa, Orquestra (In) fusão e A Voz do Rock (5). Quero destacar o projeto artístico e, na minha óptica,também de intervenção social, A Voz do Rock, “uma performance musical encenada que, acima de tudo, celebra o prazer da partilha musical“, inspirado no projeto americano Young@Heart.
Notável! Parabéns!

 

março 2016
A Ana compôs, interpretou e dirigiu ao vivo a música de vários espectáculos e performances e colabora em projectos do serviço educativo da Casa da Música (6) (Porto). Integra também a formação de algumas bandas, como os Tranglomango e os Cabeça de Peixe (7). No último domingo tive oportunidade de os ver e ouvir ao vivo na apresentação do seu novo álbum intitulado Lodo.

 

março 2016
Tenho um sonho, ver, ao vivo, uma performance em que o Pedro pintasse e a Ana tocasse e cantasse. Se lerem este texto, lanço-vos o desafio, Ana e Pedro, brindem-nos com um trabalho conjunto. Consigo imaginar as cores do Pedro a serem misturadas ao ritmo do som do saxofone da Ana.
De Viseu, para Toronto, para o Canadá, para o Mundo, dois nomes comuns, dois artistas incomuns: Ana e Pedro.

março 2016

março 2016

Redes Sociais - Comentários

Botão Voltar ao Topo