À conversa com Tó Pica
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À conversa com Tó Pica

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Revista Amar – Depois de experimentar estilos musicais distintos (ou podemos dizer semelhantes) com os Sacred Sin, RAMP, Anti.Clockwise e Secret Lie, a aventura a solo com o disco «Is This The Best You Can Do?». Como defines este teu projeto?
Tó Pica“Antes de mais, defino este meu disco a solo como desabafos. Foram coisas que fui fazendo ao longo do tempo no meu Home Studio, ideias que ia tendo que, ou não encaixavam nessas bandas todas que eu tenho, ou então simplesmente quis guardá-las para mim por serem, de certa forma, uns pensamentos íntimos. Portanto, eu defino este disco como mais uma faceta da minha carreira musical.”

RA – Há muito que querias gravar um álbum a solo ou foi uma resposta a algum desafio?
TP“A ideia existia há muito tempo. Mas não era uma coisa que eu tinha como prioritária. (…) As pessoas às vezes perguntavam-me: – ‘Quando é que fazes um disco a solo?’. Mas normalmente quem me perguntava isso eram guitarristas – como sou conhecido como guitarrista e as pessoas estavam à espera de um disco de um guitarrista, basicamente; ao longo do tempo, fui deixando de lado, porque as bandas também ocupam bastante tempo, e depois não tinha tanto tempo para me dedicar a essa ideia. No fundo, era só uma ideia. Até que ao fim de uns anos eu decidi que estava na hora de avançar com o trabalho e deixar as músicas seguir o seu percurso. Deixei as músicas saírem de casa.”

RA – A fase de preparação do álbum demorou quanto tempo?
TP“A ser gravado e a estar pronto para editar, [o disco] demorou seis meses, se tanto.”

RA – Como é que tem sido recebido este trabalho em Portugal?
TP“Tem sido uma agradável surpresa para mim, porque eu não tinha a noção que havia tanta gente à espera de ouvir o meu trabalho a solo. Também um bocado por ser conhecido por tocar nessas bandas – que são conhecidas por si só. Mas a melhor parte ainda, é o facto das pessoas terem ouvido e até agora não ter recebido más críticas.”

RA – A mensagem subentendida do título do álbum pode levar a várias interpretações. Mas qual é o verdadeiro sentido do título?
TP“Esse título, até para mim, tem várias interpretações. Porque esse título pode ser encarado como eu a perguntar a mim próprio se isto é o melhor que eu consigo fazer. Em outras instâncias, as pessoas como estavam à espera que eu fizesse um disco, pode ser a pergunta que as pessoas fazem a mim. De forma sarcástica, podem fazer essa pergunta – ‘Is This The Best You Can Do?’. Da mesma maneira que eu fiz a mim próprio. E acho que tem uma outra interpretação, na maneira como as pessoas encaram a própria vida delas. Acho que as pessoas se deviam questionar sempre se tudo aquilo que fazem no dia a dia, se é o melhor que conseguem fazer.”

RA – Se alguém lhe perguntasse se “é isto o melhor que consegue fazer” o que é que lhe responderia?
TP“Até agora, sim. (…) Tudo aquilo que eu fiz até hoje, era onde o meu estado de espírito estava. E foi sempre o melhor que eu consegui fazer. Qualquer coisa que eu faça a seguir, há de ser sempre o melhor que eu consegui fazer na altura.”

RA – Teve toda a liberdade criativa que desejava para preparar este trabalho?
TP“Sim, tive. Eu fui a única pessoa que impôs limitações a mim próprio. Decidi não pensar demasiado nas músicas para não as estragar.”

RA – Ricardo Falcão, manager da Premiere Music, editora para a produção e edição do seu álbum de estreia, disse que este disco tinha tudo o que considerava essencial para vir a ser uma ‘masterpiece’ de metal produzida em Portugal. Concorda?
TP“Eu sei que essa é a opinião dele. (…) É um bocado dúbio eu estar a dizer que eu acho que sim, que eu acho que não, porque não deixa de ser uma espécie de um filho. E seria hipócrita da minha parte. Só o tempo o dirá, muito sinceramente.”

RA – O disco conta com a participação de ilustres convidados como Arlindo Cardoso (bateria), Sales (baixo), Sergio Melo (guitarra), Tobel Lopes, Marco Resende ou David Pais. Essa foi sempre a sua ideia inicial?
TP“Claro que sim. (…) Essas pessoas, eram as que eu tinha em mente. E eu tenho uma resposta muito simples para isso. Se eu conheço e se tenho a oportunidade de trabalhar com os melhores, nas suas áreas, não tenho nada a perder, as músicas só têm a ganhar com a contribuição deles.”

RA – Como é que eles viram este teu projeto?
TP“Eles adoraram a ideia.”

RA – Tens mais algum projeto em mente para os próximos tempos?
TP“Neste momento, além de estar a promover este disco, tenho as minhas bandas. A Secret Lie está a compor um disco, Ramp está a compor um próximo disco, Sacred Sin também está a compor um próximo disco. Estamos em fase de composição. Pelo meio, ainda temos concertos para dar e umas ‘tours’ para fazer. E ainda sobra tempo – não sobra, mas …; já estou a juntar ideias para um próximo trabalho (que ainda não tem data). Sem pressão nenhuma, porque foi sem pressão nenhuma que este disco saiu. E se calhar foi por causa disso que saiu da forma que saiu.”

“Acho que as pessoas se deviam questionar sempre se tudo aquilo que fazem no dia a dia, se é o melhor que conseguem fazer.” Tó Pica

RA – Em 2005, os Ramp lançam um EP com algumas versões incluindo Anjinho da Guarda, versão de um tema de António Variações que fazia parte da banda sonora de um programa da Sic Radical. Como foi essa experiência?
TP“Quando já gostas do artista e gostas do original, é muito fácil e torna-se uma responsabilidade acrescida também. Porque é um artista que respeitas e queres fazer jus ao legado que ele deixou. (…) Com essa versão, acho que não desrespeitámos o original de forma alguma. Foi só uma nova roupagem.”

RA – Várias participações no festival português Super Bock Super Rock, passando pelo Optimus Alive, ou o mediático Rock in Rio, e espetáculos com bandas de Metal como Sepultura, Metallica, Iron Maiden ou Slayer. Acreditas que a banda Ramp tocou o céu ou haveria muito mais para conquistar?
TP“Há sempre muito mais para conquistar. Posso dizer, a título pessoal, nos meus objetivos pessoais nos Ramp, que já lá estivemos muito perto. Já estivemos muito perto do céu, mas há muito mais para fazer.”

“Aquilo que eu não consigo dizer em palavras, eu agarro na guitarra e consigo dizer. Quem entende, entende. Quem não entende, não entende.”
Tó Pica

RA – A comunidade portuguesa de Toronto pode não conhecer o Tó Pica e o projeto RAMP. Podes apresentá-los?
TP“Os Ramp são uma banda de amigos da escola que já têm 27 anos, coisa que o valha. A partir dos 25, deixei de contar (risos) … que queriam fazer música juntos e queriam imitar os ídolos de infância, das bandas. E como se sabe, as pessoas que gostam de rock, os fãs de rock, os fãs de heavy metal, são muito unidos e vivem muito a música. Claro que todos tínhamos posters em casa e olhávamos e dizíamos que um dia destes queremos ser assim. Basicamente, é uma banda de heavy metal que foi trabalhando o mais que pôde e foi fazendo os álbuns que fez, alcançou os marcos que alcançou, e haverá muitos mais para alcançar. Mas foi uma coisa que não se deu pelo tempo passar. Quando demos por nós, passaram vinte anos.”

RA – E o Tó Pica, quem é?33
TP“É um sonhador, é um miúdo … Costuma-se dizer que a pior parte da infância são os primeiros 40 anos. Agora já estou na fase da adolescência (risos) …; é um miúdo que é um sonhador, que nunca quis ser astronauta, que nunca quis ser médico, que nunca quis ser engenheiro, que nunca quis ser nada disso. Sempre quis ser músico.”

RA – Por que é que escolheste a música?
TP – “Eu não escolhi a música. Desde que me lembro de mim, que a música existe. (…) Sinceramente, acho que a música é que me escolheu a mim.”

RA – Produção, composição ou tocar, qual das três facetas te agrada mais?
TP“Tocar. (…) [Fala-se sobre o lado “livre”] (…) A composição é ain
da mais livre do que tocar ao vivo. Porque a composição é, do nada, tu estás a fazer qualquer coisa. Quando estás a tocar ao vivo, as músicas já estão feitas. Portanto, não tens tanta liberdade como parece. São três partes diferentes. A produção, eu gosto, mas é a parte mais chata, é a parte em que estás enfiado num estúdio …; a parte da composição é a mais livre de todas. (…) Tocar ao vivo é basicamente a razão por que fazes essas coisas todas, pelo menos para mim.”

RA – Como vives com o rótulo de um dos dos mais conceituados e respeitados guitarristas de metal em Portugal?
TP“Não vivo. Nem sequer ligo a isso. Isso é daquelas coisas – não é por uma questão de modéstia. É assim, sabe sempre bem ouvir, certo? Mas uma coisa é ouvires e acreditar, e outra é ouvires e, pronto, agradeces, mas teres os pés assentes na terra e teres a noção que isso não é a tua meta. A minha meta nunca foi ser o melhor guitarrista, ou ser considerado o melhor guitarrista. A minha meta não é essa. Eu toco guitarra … para mim, é quase por uma questão de sanidade mental, é um escape. Aquilo que eu não consigo dizer em palavras, eu agarro na guitarra e consigo dizer. Quem entende, entende. Quem não entende, não entende.”

RA – Se pudesses resumir em poucas palavras os teus mais de 20 anos de carreira como músico, o que dirias?
TP“Vale a pena. Todos os sacrifícios que eu fiz, que eu faço … valeu sempre a pena, porque sempre tive bastante apoio. Se calhar, também fui um bocado mal habituado a isso, e sempre fui apoiado, tanto a nível familiar, como a nível de amigos. Mas vale a pena, não me arrependo de nada. Só me arrependo do que não fiz.”

RA – Uma mensagem final.
TP“Citando o António Feio, sejam felizes e façam sempre o melhor que conseguirem fazer.”

A Revista Amar queria agradecer ao Tó Pica e aos seus mais diretos colaboradores a oportunidade de o conhecermos um pouco melhor. Esperamos poder encontrá-lo novamente em terras Canadianas muito em breve para um atuação ao vivo.
Votos de muito sucesso para a sua carreira artística.
Obrigado Tó Pica.


Marcação de espetáculos
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Ricardo Falcão ou João Samora
Premiere Music
967613747 ou 968868804

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