Hélder & Marlene - "O amor move montanhas"
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Hélder & Marlene – “O amor move montanhas”

Conheceram-se oficialmente numa matinée, mas já haviam se cruzado antes, numa festa de São João, em Vila do Conde. Uma passagem muito rápida, como recorda Marlene Silva, natural da Póvoa do Varzim, mas na altura a viver em Vila do Conde.
“Estava com uma amiga minha na altura. Ele (Hélder Ferreira) passou com um amigo e deu com um tradicional “martelinho” de São João na cabeça da minha colega (risos). A amiga não se deixou ficar, tirou-lhe o martelo e deu na cabeça do amigo dele.
Foi uma passagem muita rápida e a gente nunca se tinha conhecido antes. Foi só um bater de olhar”, garante.
O mais engraçado é que a “martelada” (sem maldade, entenda-se) fez um pouco de cupido do amor, com a brincadeira a virar um namoro entre os dois casais amigos. Isso, é o que se vem a saber mais tarde, ainda que o relacionamento dos amigos do casal entrevistado não tenha durado muito tempo. “O nosso namoro durou quatro anos”, lembra Marlene.
Passados três anos, ao contar aquela história, os rapazes – ai a memória! – apercebem-se finalmente que aquelas raparigas que tinham encontrado na festa de São João em Vila do Conde, “éramos nós”, diz Marlene, sem evitar um desabafo brincalhão: “Que memória de peixe, que não se lembravam …”.
Marlene ainda recorda que quando se apresentaram na matinée da discoteca, foi como se nunca tivessem visto antes. “A partir daí, lembro-me que ele quis o meu número de telefone. Eu dei o n.º de telefone, mas ele não tinha nada onde apontar e eu disse: – ‘Tens a certeza que decoraste o meu número?’,” ao que Hélder terá respondido que sim.
Mas a dúvida permanecia na cabeça de Marlene. “Porque ele tem uma memória (curta) daquelas … que não duram nada”, justifica. “À noite, quando eu cheguei a casa, ele mandou-me uma mensagem para confirmar. A partir daí, a gente combinou um encontro … e o namoro começou”.
Um namoro que teve os seus altos e baixos, como qualquer um tem. Primeiro, havia que acertar feitios e ver se a personalidade de ambos encaixava, especialmente para alguém (ela) que reconhece ser uma pessoa muito tagarela, que fala pelos cotovelos, mas que, por outro lado, é muito certa daquilo que quer e que não tem medo de bater o pé, sempre que achar que a coisa não está no caminho certo.
“Curiosamente, essa personalidade, inicialmente, chocava bastante”, admite Marlene. “Mas agora, acho que a gente já aprendeu a lidar com essas coisas. E tanto eu, como ele cedemos mais um bocadinho quando há essas ocasiões.”

A vinda para o Canadá
Em Portugal, Marlene frequentou a universidade (curso de design e comunicação), mas rapidamente se apercebeu que as coisas lá estavam muito más em termos de emprego e tinha colegas seus, universitários, que estavam fora da área de formação e a ganhar o salário mínimo.
Nesse momento, antes de completar os 22 anos de idade, viu que era chegado o momento de mudar o rumo da sua vida, de arriscar e vir para o Canadá para experimentar uma coisa nova. “Os meus pais já estavam cá legais com o meu irmão”, explica.
Na altura, Marlene e Hélder namoravam há pouco mais de 3 anos. Conversam e concluem que o passo seguinte era casar e emigrar para este lado do Atlântico.
“Era uma coisa que a gente queria fazer no futuro, talvez não naquela altura, mas achámos que seria a altura certa para tomar aquele passo, por causa daquilo que a gente queria fazer a seguir”, diz Marlene.
Vieram para o Canadá no mesmo ano do casamento (2005).
Inicialmente, Marlene começa a trabalhar numa padaria portuguesa, qual ironia do destino, para quem dizia que fazia qualquer coisa, menos trabalhar numa padaria. Fê-lo por poucos meses, no entanto.
“Mas ainda bem que vim aqui parar”, admite. “Quando estava aqui a trabalhar, conheci um rapaz que trabalhava na FPTV (Festival Português TV). Eles estavam a precisar de um editor, porque o editor que eles tinham lá ia regressar a Portugal. Como ele sabia que tinha um passado em Design e Produção deu-me a sugestão de passar por lá e ver se eles aceitavam que ficasse lá a trabalhar”.
A entrevista neste canal de especialidade em língua portuguesa, em Toronto, Canadá, corre bem e começa imediatamente a trabalhar na FPTV. “Já lá vão quase 11 anos. Faz 11 anos em maio, salvo erro”.
Primeiramente, começa a trabalhar como editora de produção de anúncios. Depois, aventura-se em pequenas reportagens de rua, juntamente com o trabalho de produção. Segue-se a apresentação de programas. Basicamente, o seu trabalho lá, nunca deixou de aumentar.
Mas e quanto ao Hélder Ferreira?
“Sou técnico de informática. Mas efetivamente, nunca exerci, pois não havia oportunidade naquela altura”, conta.
Natural de Famalicão, estudou até aos 18 anos. Depois de conhecer a Marlene, namorar e casar e, finalmente, vir para o Canadá, Hélder começa a trabalhar com o pai de Marlene que tinha uma empresa de construção.
“Foi ele que me deu uma oportunidade de emprego, na altura (…). Mas a minha ideia, foi sempre crescer mais um bocadinho. Até porque eu tinha alguns estudos. Sabia já falar razoavelmente o inglês”, frisa.
Numa altura em que houve falta de trabalho na construção, decide tirar o curso de agente de imobiliária, uma paixão que vinha dos tempos em Portugal, principalmente para quem gostava de vender.
“Juntei-me depois ao Tony Domingues, quando comecei. Temos tido sucesso até agora, felizmente.”
Ambos trabalham como representantes de vendas de uma conhecida imobiliária em Toronto.

A chegada do filho
Quando vieram para o Canadá, sem saber se iriam ficar ou adaptar-se à nova realidade, Marlene e Hélder adotam uma atitude cautelosa quanto a ter filhos.
Todavia, cinco anos depois do casamento, chega finalmente o primeiro filho do casal. Um menino, para felicidade de Marlene, que sempre quis ter um rapaz. “Mas se fosse menina, era amada da mesma maneira”, ressalva.
Hélder, por seu lado, não tem pejo em admitir que a personalidade da criança é toda do lado da Marlene. A traquinice e a tagarelice estão bem vincadas. Fisicamente, dizem-nos, é mais a cara do pai.
O filho tem agora seis anos de idade. Anda na primeira classe. Por momentos, a criança chegou a pedir um irmão aos pais. Mas depois de um sonho … terá mudado de ideias.
Mas fica a pergunta: “Pensam ter mais filhos?” – ao que Marlene responde: “Estamos completos assim”.
Para mais, reconhecem, profissionalmente não lhes sobra muito tempo para outra criança, tanto mais que uma criança precisa de tempo e atenção da parte dos pais.
“Felizmente, tenho a sorte de ter a minha mãe cá, e ela ajuda bastante com o meu menino”, diz Marlene.

O que pensas de mim…
A conversa está a chegar ao fim. Mas ainda há tempo para perguntar à Marlene como é o seu marido.
“Essa é uma boa pergunta!”, atira. [em segundo plano, ouve-se: “Olha a cara dele, à espera de ver o que vou dizer.”].
“Ele sabe muito bem o que eu penso dele, porque eu sou … uma pessoa que digo exatamente aquilo que penso. É uma excelente pessoa. Tem um sentido de humor muito grande”, elogia. Aliás, ela confessa que isso foi das coisas que mais gostou nele quando o conheceu. Depois, complementa Marlene, uma mulher precisa de um homem que a consiga fazer rir. “E ele tem essa característica”, vinca.
Marlene vê em Hélder alguém que é amigo do seu amigo. Uma pessoa com amigos, o que mostra que é uma pessoa de bom caráter. “E realmente, acho que ele o tem”.
Marlene não poupa nos elogios e acrescenta que Hélder é também um bom pai e um bom marido. Com um senão: é um bocado ausente, por causa do trabalho que tem, que exige muito dele, particularmente aos sábados e domingos.
“Agora, não me ajuda a fazer nada em casa. Absolutamente nada! Esta é parte em que tenho mais que me queixar”. Mas as coisas parecem estar a mudar um pouco, para quem não “mexia uma palha” antes. – “Ultimamente tem mexido, porque também tenho lhe pisado os calcanhares”, afirma categoricamente Marlene.
E tu, Hélder, o que pensas da Marlene?
“Não gosto nada dela!”, diz em tom de brincadeira, o que acaba por provocar uma gargalhada geral.
Mas mais a sério, ele diz que ela é uma pessoa bastante carinhosa. – “Quando está bem-disposta, é muito fácil de estar com ela. Não vejo defeitos nela, a não ser que … ela me obriga a fazer coisas em casa”.
A finalizar, Hélder confessa que a personalidade de Marlene é o que lhe fascina mais, algo que procurava numa mulher. – “É uma pessoa que é verdadeira nas suas convicções, o que é importante”.
A conversa chega ao fim e a Revista Amar só tem a agradecer a amabilidade do casal por partilhar a sua história de amor.

“Portugal precisa de alguém assim!”

A Revista Amar desafiou o casal a responder a umas perguntas de âmbito profissional. Veja as respostas.

Revista Amar – Na FPTV já fez várias entrevistas. Lembra-se de alguma que lhe deu mais prazer fazer?
Marlene SilvaDá-me, particular gosto, fazer entrevistas a pessoas que só as conhecia pela televisão quando estava em Portugal e, de repente, tenho a oportunidade de lhes perguntar variadas coisas acerca da pessoa e do seu trabalho e, o que é mais fascinante é que, muitas vezes, a pessoa não é nada daquilo que já tínhamos idealizado…pela positiva e pela negativa. Não posso dizer que haja um alguém, em particular, que tenha gostado de entrevistar, porque realmente tenho várias, mas posso dizer que gostei bastante de entrevistar o jornalista José Rodrigues dos Santos, o fadista Carlos do Carmo, a atriz Rita Pereira, o cantor e compositor João Pedro Pais, entre muitos outros.

RA – Como foi entrevistar o seu marido?
MSFoi uma experiência interessante… Ele patrocinava a Parada do Dia de Portugal e como a FPTV dá cobertura a tudo que esteja relacionado com este acontecimento, foi algo que se proporcionou. No início, penso que estávamos um pouco nervosos, mas tentei ser imparcial e fiz o meu trabalho o melhor que pude e sei e, no final penso que deixei a impressão que nunca o tinha visto antes (lol).

RA – Quem ainda gostaria de entrevistar?
MSNesta altura, sem dúvida alguma que seria o atual Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa pela sua simplicidade e proximidade com o povo português. Admiro a sua capacidade de visão, de acreditar que o país pode ser governado com uma “política de afetos” e no facto de ser um otimista nato. Portugal precisa de alguém assim!

RA – Se tivesse a oportunidade de entrevistar Justin Trudeau (Canadá) e Donald Trump (EUA) que pergunta gostaria de ver respondida?
MSEssa é difícil…
A Justin Trudeau, provavelmente, perguntar-lhe-ia: O que pensa de Donald Trump? E quais as consequências que a eleição de Trump poderá ter para o Canadá? Quanto ao presidente americano que anunciou ainda em campanha que daria seguimento à construção de um muro na fronteira entre os Estados Unidos e o México e que garantiu que o muro na fronteira com o México impediria a imigração ilegal e o narcotráfico. Perguntar-lhe-ia se ele acredita mesmo que isso travará a entrada de emigrantes ilegais no país (visto que por terra não é a única forma de entrada no país) e como fará o vizinho México pagar pela obra, orçada em $8 biliões, como prometeu?

“Aconselhe-se com profissionais, no ramo bancário e no ramo imobiliário!”

Revista Amar – Há muito ligado ao mercado imobiliário, que visão faz dos próximos anos para Toronto, relativamente à venda de casas?
Hélder Ferreira – Bem, embora não tendo uma bola de cristal, na minha opinião, enquanto os juros e o número de casas no mercado se mantiverem baixos, iremos assistir a um aumento no valor imobiliário.

RA – Teme que possa haver um aumento dos juros por parte do Banco do Canadá que dificulte a capacidade das famílias em pagar os seus empréstimos hipotecários?
HF – Neste momento, não prevejo um aumento substancial dos juros nos próximos tempos, mas o Governo pode sempre implementar novas medidas para “arrefecer” o mercado que cada vez está mais complicado para quem quer comprar pela primeira vez.

RA – Uma sugestão que queira deixar para quem pretende adquirir uma casa?
HF – Aconselhe-se com profissionais, no ramo bancário e no ramo imobiliário. Deve saber primeiro, junto de uma instituição bancária ou de um agente de hipotecas, o montante para que está qualificado, depois poderá dirigir-se a um consultor imobiliário para saber o que propriedade pode adquirir até esse valor, assim como, a área que onde gostaria de viver e o tipo de imóvel que procura.

A Revista Amar desafiou também o casal a responder a umas perguntas relacionadas com o Dia dos Namorados.
Veja as respostas.

RA – O mês de fevereiro é visto como um período dedicado aos românticos, especialmente no Dia de São Valentim. É um imperativo vosso ter um programa a dois nesse dia?
Marlene – Sim, tentamos sempre marcar o dia com algo feito a dois… Nem que seja com um jantar romântico, num sítio diferente, com uma boa comida e um bom vinho (lol).
Ah, e claro, muito miminho 🙂
Hélder – Embora, não sendo muito romântico, gosto de passar este dia de uma maneira diferente, de preferência a dois, porque penso que é importante numa relação haver tempo só para o casal.

RA – Perdoaria o seu parceiro se ele não lhe desse nada de presente no Dia dos Namorados?
Marlene – Não trocamos presentes no Dia dos Namorados… Achamos que é cliché e vazio de sentimento. Por exemplo, odeio receber flores nesse dia. Flores é o presente mais típico, fácil e vazio que ele me pode dar no Dia de São Valentim. Prefiro receber uma flor, num momento em que não estou à espera. Os melhores presentes para mim são sempre aqueles que envolvem experiências e não somente algo material, acredito que marcam muito mais do que qualquer objeto no mundo.
Hélder – O maior presente é a presença dela ao meu lado nesse dia e isso por si só já chega.

“Não trocamos presentes no Dia dos Namorados”

RA – Numa sociedade cada vez mais fria e distante, acreditam que o Amor ainda fala mais alto?
Marlene – Acho que sim. Não é por acaso que se diz que “O amor move montanhas”. Para descobrirmos a importância do amor, é necessário, compreender o seu verdadeiro valor.
A sociedade está “doente”, as pessoas andam deprimidas, zangadas, invejosas e frustradas. Os valores humanos estão de “pernas para o ar”, a sociedade fica feliz com o sofrimento alheio e com o conflito, basta abrir o Facebook, os jornais, ligar a televisão para nos apercebermos que as pessoas vivem infelizes de mal com a vida, mas, felizmente, não perdemos a capacidade de amar. Para mim é a força curativa mais poderosa que temos.
Hélder – Bem, eu acho que não se pode ser feliz sem amor. É importante e confortante saber que temos alguém do nosso lado que nos quer bem.

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