Noite estrelada no “Toronto Star”
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Noite estrelada no “Toronto Star”

Na Baixa da cidade de Toronto, e até ao final do mês de setembro, é possível admirar uma exposição intitulada “Immersive Van Gogh”. O pintor holandês (1853-1890), notório pela vida atormentada que teve e a obra admirável que nos deixou, continua a ser motivo de interesse para livros, filmes e exposições nos melhores museus do mundo. Em Toronto, a sua obra está a ser apresentada este verão de uma maneira diferente e criativa.

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Exposição Immersive Van Gogh em Toronto – Créditos: Manuela Marujo
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Exposição Immersive Van Gogh em Toronto – Créditos: Manuela Marujo

 

Criada pelos artistas Massimiliano Siccardi e Luca Longobardi, a exposição foi apresentada pela primeira vez em Paris; o sucesso alcançado junto do grande público levou a que viajasse até Toronto. As pinturas de girassóis que celebrizaram Van Gogh, o autorretrato do artista com chapéu de palha com velas acesas nas abas, a cadeira e a cama do seu quarto, assim como outras imagens dos mais célebres dos 900 quadros pós-impressionistas que pintou em apenas 10 anos, antes da sua morte aos 37 anos, são-nos mostradas em imagens digitalizadas de grande formato, projetadas nas paredes transformadas em écrans gigantescos, acompanhadas por música clássica e moderna.

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Exposição Immersive Van Gogh em Toronto – Créditos: Manuela Marujo

 

O que mais me chamou a atenção, na visita que fiz, foi a projeção da famosa “Noite Estrelada”, pintada no quarto do hospital psiquiátrico onde esteve internado poucas semanas antes de suicidar, e que nos é dada apreciar em imagens deslumbrantes. Quem tiver a possibilidade de ir ao Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MOMA) vai poder ver o original, que atrai multidões e faz parte da coleção permanente daquele conhecido museu desde 1941. Aqui em Toronto, a nossa visão dessa pintura é igualmente mágica e estonteante, graças à tecnologia moderna usada.

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Exposição Immersive Van Gogh em Toronto – Créditos: Manuela Marujo

 

A exposição “Immersive Van Gogh” ocupa dois espaços enormes – a antiga sala de impressão do jornal e um armazém contíguo e há duas formas de a ver: ir caminhando, sempre a respeitar o distanciamento social aconselhado e de máscara, em círculos formados por linhas luminosas expressamente desenhados para este efeito; ou sem sair do carro, em modo “drive-in”. Achei uma experiência absolutamente maravilhosa.

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Exposição Immersive Van Gogh em Toronto – Créditos: Manuela Marujo
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Exposição Immersive Van Gogh em Toronto – Créditos: Manuela Marujo
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Exposição Immersive Van Gogh em Toronto – Créditos: Manuela Marujo

 

A exposição está patente ao público na torre do “Toronto Star” – o número 1 da Yonge Street, junto ao Lago Ontário. É um prédio de 25 andares, de aspeto respeitável, contruído nos anos 1970, com a finalidade de alojar as novas instalações daquele que foi maior jornal diário canadiano – o “Star”. Criado em 1892, este esteve sediado de 1929 até à nova localização, nas ruas King e Bay numa torre Art Deco de grande notoriedade, infelizmente demolida para construir o atual “First Canadian Place”.

Presentemente, o número 1 da Yonge Street pertence a um grupo de grandes empresários de construção cujo projeto “The Pinacle Towers” já começou a erguer, no espaço envolvente, um conjunto arquitetónico de três torres residenciais que pretendem ser as mais elevadas da cidade de Toronto (a mais alta com 95 andares). O edifício “Toronto Star” está condenado a perder a sua integridade para fazer parte do conjunto, com modificações previstas e já anunciadas.

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Créditos: Manuela Marujo

 

A Rua Yonge já constou do “Guiness Book of Records” como sendo a mais comprida do mundo, estendendo-se por mais de 50 quilómetros, do Lago Ontário até ao Lago Simcoe. Desde os primeiros anos do seu traçado, entre 1790 a 1800, esta rua tem desempenhado um papel primordial no desenvolvimento da Província e continua a ser considerada a principal rua da cidade. Para quem resida ou visite Toronto, é impossível desconhecer que a Yonge Street é a rua que serve de linha divisória entre o oeste e o leste da cidade.

Ir à Baixa da cidade, junto ao Lago Ontário, permite observar como a cidade se tem modificado nesta última década. Ver a “Noite Estrelada” e tantas outras obras de Van Gogh no edifício “Toronto Star”, em vias de desaparecer, deixará, certamente, uma recordação memorável.

Manuela Marujo

Professora Emérita da Universidade de Toronto

 

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