As Teorias que fundamentam a Medicina Chinesa
Saúde Alternativa

As Teorias que fundamentam a Medicina Chinesa

Falar sobre esta arte com mais de 3 mil anos não é uma tarefa fácil e traduzir palavras chinesas pode levar-nos a erros de interpretação, motivo pelo qual a abordagem do assunto será feita da forma mais sucinta possível.

Esta arte de prevenir e curar determinados padrões de desarmonia (doenças) baseia-se nas seguintes teorias que, para um correto diagnóstico, se podem interligar:

Yin/Yang – teoria dos opostos e complementares. Todas as coisas existentes no universo podem ser Yin ou Yang, isto depende das suas características e em relação a que é que são comparados. Então:

  • Yin é tudo aquilo que possui características de quietude, letargia, morosidade, frieza, humidade, sangue, feminino (aquele que acolhe). Exemplo de uma desarmonia Yin é a depressão, com as suas características de introspeção, quietude, frio, morosidade e tristeza.
  • Yang é energia, movimento, subtileza, claro, calor, sol, agitação, secura, masculino (aquele que impulsiona). Exemplo de uma desarmonia Yang é a ansiedade, pelas suas características de agitação, insónia, inquietação, calor e euforia.
Revista Amar - As Teorias que fundamentam a Medicina Chinesa
Imagem: Direitos Reservados

 

Deixo-vos mais alguns exemplos, para melhor compreensão:

  • O Yin alimenta o Yang e o Yang impulsiona o Yin.
  • O alimento é Yin (base material) em relação ao peristaltismo – digestão Yang (função).
  • O dia é Yang – sol, luz, calor – a noite é Yin – lua, escuro, frio.
  • Após a atividade (movimento), vem o descanso (quietude), é o que chamamos de oposição e interdependência.
  • Uma gripe, a qual no seu estágio inicial faz sentir calafrios, aversão ao frio, letargia, cansaço (sintomas Yin), se não for tratada, agravar-se-á com o aparecimento de: garganta inflamada, catarro purulento, febre e calor (sintomas Yang). Para tratarmos estes desequilíbrios temos que harmonizar e equilibrar Yin e Yang.

Outra teoria de base da medicina chinesa é a Teoria dos Cinco Movimentos, que são representados pela madeira, fogo, terra, metal e água, e que correspondem respectivamente aos órgãos fígado, coração, baço/pâncreas, pulmão e rins. Entre estes elementos têm que existir “regras”, sendo uma delas o controle ou inibição. Um exemplo clássico é o dos rins que inibe e controla o coração, sendo, por esse motivo, aconselhado um diurético (rins) para os hipertensos (coração).

Uma outra teoria é a das Cinco Substâncias:

  • Qi – energia
  • Xue – sangue
  • Shen – mente, consciência ou espírito
  • Jing – essência
  • Jin-Ye – líquidos corpóreos

Em que o desequilíbrio (falta, excesso ou estagnação) de uma ou mais substâncias é um fator predisponente aos padrões de desarmonia.

Temos também a Teoria dos Órgãos (Zang) e Vísceras (Fu) na qual, além do conceito fisiológico é, acima de tudo, o conceito energético que prevalece. Onde algumas funções e relações diferem da medicina ocidental. Assim sendo, o coração é a morada da substância Shen (mente, consciência ou espírito), que possui dois padrões de desarmonia.

O primeiro é a perturbação do Shen em que o indivíduo pode apresentar sintomas Yang – agitação, falta de ligação das ideias, falar rápido demais, tropeçar nas palavras, insónia ou, em casos extremos, demência.
O segundo, é a deficiência do Shen, onde os sintomas são Yin: introspecção, olhar sem vida, tristeza, depressão, morosidade, etc.

O coração está diretamente relacionado com o Shen e o Shen diretamente relacionado com o coração.

O Fígado harmoniza as emoções, a digestão e a menstruação, além de influenciar as unhas, olhos e tendões. Atenção, minhas queridas senhoras, durante o período menstrual não sobrecarreguem o fígado com gordura animal e bebidas alcoólicas, pois por certo terão as emoções mais afloradas e cólicas menstruais.

Os Rins são a morada da substância Jing (essência) sendo responsáveis pelos ciclos vitais: nascimento, crescimento, reprodução e declínio. Os rins são responsáveis pela nutrição dos ossos, dentes, cabelos e por uma boa audição.

O Baço é o responsável pelo transporte e transformação dos alimentos, nutrição dos músculos e sustentação dos órgãos.

O Pulmão governa a respiração, pois é o único órgão que tem contacto com a parte externa do organismo, através das narinas. Algumas disfunções deste órgão manifestam-se na pele, como dermatites e alergias.

Não podemos deixar de citar os sabores e as emoções directamente relacionadas com estes órgãos:

  • Fígado: raiva – ácido
  • Coração: euforia – amargo
  • Baço: preocupação – doce
  • Pulmão: tristeza – picante
  • Rins: medo – salgado

Cabe salientar que cada sabor, usado com moderação, fortalece o órgão correspondente, e o excesso enfraquece-o. Cada emoção vivida em excesso afeta o órgão correspondente, e quando um órgão é afetado, a emoção manifesta-se rapidamente.

E a última teoria é a dos Meridianos e as suas ramificações (Jing-Luo), estes são vias por onde circula a energia vital (Qi) e onde estão localizados os principais pontos de acupuntura.

Os meridianos fazem a ligação entre a superfície do nosso corpo e os órgãos e vísceras, justificando assim, a colocação de finas agulhas na superfície do corpo, fazendo com que a energia (Qi) circule livremente mantendo a vitalidade dos órgãos/vísceras.

A Medicina Tradicional Chinesa faz uma leitura diferenciada do ser humano. Somos sem dúvida, uma réplica da natureza, com os seus diversos ciclos e movimentos de transformação, dentro de um sistema interligado. Mas os próprios factores climáticos da natureza – vento, calor, humidade, secura e frio – quando em excesso, podem ser prejudiciais, sendo chamados de energia perversa (Xie Qi). A partir daqui, fazemos uma avaliação energética, holística da pessoa, sempre com o objetivo de equilibrar o organismo para evitarmos a penetração dos fatores patogénicos exógenos, e assegurar um harmonioso funcionamento do corpo como um todo.

Deste modo, fazemos o melhor para o nosso paciente de modo a que ele… SORRIA COM SAÚDE!

Helena Rodrigues

Especialista de Oncologia em Medicina Chinesa

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