Será que comemos de forma emocional?
Saúde & Bem-EstarPsicologia

Será que comemos de forma emocional?

Se acha que come de forma emocional está tudo bem! Sim, eu sei que é um desafio, mas gostava que soubesse que há muitas pessoas que se definem como “comedores emocionais” e na realidade não o são o suficiente para isso ser um problema enraizado.

Vejamos, se se alimenta com um tipo de comida pouco nutritiva, vai ter fome, ou seja, muito rapidamente e após ter comido vai-se sentir insatisfeito porque o seu corpo, acima de tudo, precisa de ser nutrido.

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Regra geral, quando uma pessoa se compromete com uma daquelas dietas apelidadas de “malucas”, alimenta-se de forma inadequada. Por consequência, é impulsionado a comer, dado que o seu corpo “grita” por nutrição. E assim é muito fácil convencermo-nos de que comemos de forma emocional.
Em certas situações você não se enquadra no perfil do “comedor emocional”, o que acontece é que a sua alimentação ou o seu plano alimentar não está moldado às suas necessidades do momento. Não tem em conta as suas rotinas, a sua estrutura fisiológica, os seus genes, etc. Provavelmente a percentagem de hidratos que está a ingerir é insuficiente, assim como a quantidade de proteína pode estar em excesso ou inadequada, tal como a percentagem de gordura por exemplo, o que faz com que a densidade nutricional não esteja equilibrada, logo o corpo, mais uma vez, pede constantemente por mais comida.

Portanto, há sempre uma razão que nos leva a comer de forma emocional, mas isso não nos torna necessariamente “comedores emocionais”.

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Apercebo-me que os pacientes que aparecem no consultório comem porque estão zangados, chateados, stressados, frustrados, deprimidos, sentem-se com baixa auto estima, distraídos, muito ocupados, pouco ocupados, culpados, ansiosos, entusiasmados, nervosos, com amigos, desesperados, enfim, por um infindável número de reacções emocionais e também derivado de reacções químicas das quais não têm consciência.

É importante sabermos que as reações emocionais que nos levam à comida, muitas vezes estão mais relacionadas com a química do que com a personalidade.
Estas reações químicas estimulam a fome. A produção de hormonas do nosso corpo é intensa, as hormonas leptina e a grelina são grandes responsáveis pelos sinais de fome e de saciedade, e assumem o papel de comando que controla a nossa vontade de comer.

A grelina, que é produzida principalmente no nosso estômago, é quem manda para o nosso cérebro o “aviso” de que precisamos de comer. Os seus níveis aumentam uma a duas horas antes da refeição e caem drasticamente para valores mínimos após a mesma.

Assim, quando o estômago fica vazio a secreção desta hormona aumenta, e então sentimos fome. A partir do momento em que comemos a secreção diminui. Aí é quando a leptina entra em ação, pois um dos seus principais papéis é o controle da ingestão alimentar, por isso alguns autores afirmam que a leptina tem uma participação no nosso balanço energético.

É ela que manda para o cérebro um dos sinais de saciedade. Por outras palavras, avisa o estômago que já está “carregado”! Ou seja, já tem comida suficiente!

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Como podemos gerir estas hormonas?

Não existe forma de controlar a grelina nem a leptina pois não “mandamos” no nosso metabolismo. Contudo, sabemos que a privação de comida gera “desequilíbrio” na produção destas hormonas.

As dietas restritivas são um dos fatores que mais desregulam a produção hormonal do controle do apetite, o corpo está em constante adaptação à escassez de alimentos, uma vez que dieta é sinónimo de privação!
Isso significa que para manter o corpo a produzir os níveis corretos de grelina e leptina, a principal ferramenta é comer! Isso mesmo, comer quando se tem fome, parar quando se sentir saciado.

Ficar longos períodos sem se alimentar, ou dar ao corpo uma quantidade menor de calorias do que ele realmente necessita confunde o cérebro, e desequilibra a produção destas hormonas pois a sua função fica comprometida.
Afinal, quanto mais fazemos dieta, mais o apetite aumenta, e mais uma vez, isso não significa que sejamos comedores emocionais.

Diante da privação calórica, o corpo fica em estado de sobrevivência e alerta, o que se reflete num aumento constante da fome. Tem consequências negativas imediatas e também a longo prazo como o famoso efeito “iô-iô”, a perda do controle diante da comida e o desenvolvimento da crença de que “nunca vou conseguir perder peso”.

Se virmos bem, não há como “culpar” um único fator pelo ganho de peso. Ele é resultado de uma série de condições metabólicas, por falta de auto conhecimento e também do estilo de vida que levamos.

Você pode, sim, ajudar seu metabolismo a funcionar melhor com pequenas atitudes simples: ser mais ativo fisicamente e mentalmente no seu dia a dia, fazer coisas novas na sua rotina para criar novos hábitos, investir num bom sono, alimentando-se com variedade e qualidade (mais nutrição e menos processados).

E, sobretudo, escutar os sinais do seu corpo para começar a reconhecer facilmente os sinais subtis e menos subtis de uma fome autêntica verdadeira. Assim quando o seu corpo pedir comida, dê-lhe. Quando ele estiver saciado pare e evite comer sob a forma de resposta emocional.

Em resumo, o facto de sentirmos uma fome que vem fora de contexto, não significa que tenhamos o perfil de comedor emocional pois a origem desta fome que não é fome, pode derivar de hábitos antigos enraizados, de nutrição inadequada, análises fora de prazo que me impedem de perceber quais os níveis de saúde do meu corpo e também por reacções químicas desordenadas que estimulam a fome.

A falta de auto conhecimento do nosso funcionamento interno faz-nos muitas vezes fugir ou esconder emoções que se vão materializar sob a forma de comida. Quanto melhor nos conhecermos e trabalharmos a nossa comunicação interna mais facilmente equilibramos a nossa fome.

Isabel Rebelo

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